Thursday, October 12, 2006

Meia-noite, momento em que os escravos da conexão discada - como eu - migram loucamente para a grande rede, onde ficam a esperar minutos a fio enquanto uma simples página abre, consumindo todo o prazer de estar conectado e remetendo o internauta marginal aos acessos de ânsia.
Inicio agora este blog meio desleixado, apenas como veículo para expôr minhas humildes opiniões sobre minha vidinha muito cheia de rotina, porque assim a quis.

Como introdução, eu gostaria de postar uma poesia da qual gosto muito, do norte-americano Allen Ginsberg e que sintetiza a eterna busca pelo Amor e pela compreensão que muitas almas humanas empreendem. Aí vai...

Canção
O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação
o peso
o peso que carregamos
é o amor.
Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -
sai para fora do coração
ardendo de pureza -
pois o fardo da vida
é o amor,
mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.
Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sono
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contido
quando negado:
o peso é demasiado
- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.
Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -
sim, sim,
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasci.

1 comment:

Nelson Oliveira said...

Gin, meu companheiro...